apenas mais um relatando suas experiências tentando refugiar-se de seus medos e incertezas...
11 abril 2012
"Eu queria construir uma ruína para salvar a palavra amor"
"Um monge descabelado me disse no caminho:
'Eu queria construir uma ruína.
Embora eu saiba que ruínas é uma desconstrução.
Minha idéia era de fazer alguma coisa ao jeito de tapera.
Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono como as taperas abrigam.
Porque o abandono pode não ser apenas de um homem debaixo da ponte
mas pode ser também de um gato no beco ou de uma criança presa num cubículo
O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra.
Uma palavra que esteja sem ninguém dentro.
(O olho do monge estava perto de ser um canto.)
Continuou: digamos a palavra AMOR.
A palavra amor está quase vazia.
Não tem gente dentro dela.
Queria construir uma ruína para salvar a palavra amor.
Talvez ela renascesse das ruínas; como um lírio pode nascer de um monturo.
'E o monge se calou descabelado."
(Manoel de Barros)
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